segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As matas, o rio e a Primavera de Cecília Meireles

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Primavera 

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.

A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.


Cassiano Pereira Nunes
Entornos do rio XXI, 2010, aquarela s/ papel, 15 x 21 cm


Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
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Cassiano Pereira Nunes
Entornos do rio XXII, 2010, aquarela s/ papel, 15 x 21 cm


Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
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Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
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Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.


Cassiano Pereira Nunes
As matas III, 2010, aquarela s/ papel, 15 x 21 cm


Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor. 

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Cecília Meireles
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sempre Aquarelas no Metrô de São Paulo - Estações Vila Madalena e Sé

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Participo da exposição Sempre Aquarelas, com mais outros catorze artistas, que está sendo apresentada no Metro de São Paulo na estação Vila Madalena de 10 a 30 de novembro e na Estação Sé de 10 a 31 de dezembro de 2010, é uma coletiva de aquarelas, com curadoria de Antonio Carlos Abdalla.
Um dos trabalhos expostos

Cassiano Pereira Nunes
Entornos do rio VII, 2009, aquarela s/ papel, 24,8 x 32 cm

 

domingo, 17 de outubro de 2010

Em torno do Rio Paraíba do Sul

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Com oito trabalhos individuais e um coletivo, entre as várias dezenas de outros trinta e quatro artistas, participo da exposição Passagens e Paisagens – Rio Paraíba do Sul, que tem a curadoria de Gilberto Habib Oliveira e pode ser vista  até 26/10/2010 no Espaço Eugénie Villien em São Paulo.
Exposição organizada e realizada pela ABA-Associação Brasileira de Aquarela e da Arte sobre Papel.
Abaixo alguns dos trabalhos.
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Rio Paraíba do Sul, aquarela s/papel, 28 x 77 cm
em Caderno de Artista Coletivo, 2010 
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Detalhe do trabalho acima quando ainda em processo
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Árvores, 2010, grafite s/ papel

Uma sequência do vídeo do Caderno de Estudos Entornos do Rio
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Eu na exposição

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

As árvores e as cores do céu

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Ainda as árvores, pintadas, fotografadas, desenhadas
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Crepúsculo,árvores, inverno em São Paulo
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As matas I, 2010, aquarela s/ papel, 21 x 15 cm 
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Ipê rosa, tipuana e céu de São Paulo
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Árvore, 2010, grafite s/ papel
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um rio, árvores e um por do sol

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Entornos do rio XX, 2010, aquarela s/ papel, 20 x 30cm
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Árvores
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Um por do sol em junho
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 Árvore em grafite
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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Novos Mundos Novos


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Novos Mundos Novos, exposição que participo, foi aberta ao público em Recife, num espaço para o público interagir com os trabalhos dos artistas por meio de novos olhares, novos mundos. O prédio que abriga o espaço Santander Cultural, na avenida Rio Branco, é uma das marcas do Recife Antigo. O estilo eclético do período de transição entre os séculos 19 e 20 compõe a paisagem vista do Marco Zero da cidade.
A exposição Novos Mundos Novos, que reinaugura o espaço cultural neste endereço, é inspirada no navegador espanhol Vicente Pinzon: o primeiro europeu a aportar em terras nordestinas, em janeiro de 1500, antes, portando da chegada dos portugueses, foi aberta ao público 4 de agosto e fica em cartaz até 31 de outubro de 2010 e tem curadoria de Gilberto Habib de Oliveira e José Luiz Mota Menezes e reúne grande diversidade de linguagens artísticas. As 41 obras dos 17 artistas que participam demonstram como se lançar olhares novos para paisagens aparentemente já muito conhecidas e como o pintor pode transformar a realidade em um outro mundo. “A exposição fala sobre a inquietação humana, o desejo de busca, a invenção e capacidade que o homem tem de criar e imaginar novos mundos”, explicou o curador Gilberto Habib de Oliveira, (ver vídeo) que ainda diz, na sua apresentação no catálogo da mostra.
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Territórios impreciso XIX, 2008, aquarela s/ papel, 28,6 x 76 cm
-... Esses olhares-lugares de Caio (Reisewitz), mesmo quando reconhecíveis, são inquietantes pela atmosfera metafísica que apaga os indícios do observador, fazendo crer que tal paisagem jamais tivesse sido assistida nem devassada pela visão comum.
Algo semelhante está também na atmosfera das aquarelas de Cassiano Pereira Nunes. Mesmo que nelas apareçam o rastro indelével e figurativo da presença humana, ou sua alusão, a técnica da aquarela, neste caso, deve ser entendida como o mais evidente destes rastros, uma vez que esta técnica tem se prestado como eficiente linguagem artística aplicada aos ímpetos exploratórios do homem ao longo de séculos. Segundo Bachelard, pelos princípios imaginativos da matéria, o elemento água se torna o meio de contato com o inconsciente.
É dele que partem os recursos psíquicos para enfrentarmos o que é misterioso, desconhecido e ameaçador. Ao menos na prática, isso é o que tem demonstrado a eficiência da aquarela como ponte midiática para estudos, projetos e outras prospecções científicas do real, diante de diferentes territórios, situações ou ecossistemas, sendo os mais notórios os cadernos de campo dos artistas e exploradores do século XIX...
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sábado, 7 de agosto de 2010

Um rio, árvores, o inverno

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Entornos do rio XIV, 2010, aquarela s/ papel, 21 x 37,2 cm
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Tipuana tipu no Campus USP

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21 de junho de 2010
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sexta-feira, 30 de julho de 2010

II ENCUENTRO DE ACUARELISTAS HISPANOAMERICANOS - GUAIAQUIL, EQUADOR

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O II Encuentro de Acuarelistas Hispanoamericanos que está acontecendo de 22 de julho a 5 de agosto de 2010, no Teatro Centro de Arte em Guaiaquil, a maior cidade do Equador. Este evento se realiza em comemoração ao aniversário da fundação da cidade de Guaiaquil, com propósito de contribuir na promoção e difusão da Aquarela. Deste Encuentro faz parte uma exposição de obras de um significativo número de artistas de 13 países da América Latina, Estados Unidos e Espanha, além de um seminário para artistas, estudantes e aficionados desta técnica. O II Encuentro de Acuarelistas Hispanoamericanos foi organizado por Patricia Arauz, Ignacio Silva – Teatro Centro de Arte Guayaquil; Maria Victoria Mangia – Fundación Sociedad Femenina de Cultura e Consuelo Moros – Grupo de Acuarelistas Hispanosamericanos.
Participo, deste Encuentro, juntamente com mais cinco artistas, como parte da representação da Associação Brasileira de Aquarela e da Arte sobre Papel. Ver no blog da ABA as aquarelas destes artistas brasileiros e para ver todas obras que participam II ver neste link II Encuentro de Acuarelistas Hispanoamericanos.
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Cassiano Pereira Nunes
Territórios de verão, 2009
aquarela s/ papel, 50 x 70 cm

domingo, 25 de julho de 2010

Ainda e sempre as árvores

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Continuo encantado com e pelas ávores que me circundam, as que vejo a cada dia, aquelas permaneceram no meu repertório, outras, ainda, criadas por artistas, enfim, a cada dia uma nova sedução.
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Torre da igreja da Consolaçao na Praça Roosevelt, São Paulo
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Então as desenho, pinto, fotografo, "releio", recordo...
Abaixo algumas delas desenhadas e fotogradas neste tempo de inverno (nem tanto) em São Paulo.
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Árvores ao por do sol, campus da USP, São Paulo
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Árvores, 2010, grafite
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Parque do Ibirapuera, São Paulo
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Árvores, 2010, grafite

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Quando abro a janela de novo

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Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova...

Mário Quintana

Territórios imprecisos IV, 2006, aquarela s/ papel, 31,5 x 35 cm

Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco
Já eram horas de dormir de novo

Mário Quintana

Territórios perenes I, 2006, água forte e brunidor s/ papel, 20 x 18,4 cm
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quarta-feira, 26 de maio de 2010

DEVANEIOS (em cores e em preto e branco)

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Não podemos amar a água, amar o fogo, amar a árvore sem colocar neles um amor, uma amizade que remonta à nossa infância (...) Sem infância não há verdadeira cosmicidade. Sem canto cósmico não há poesia.

Gaston Bachelard A Poética do Devaneio
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Circunstâncias e devaneio, 2005, aquarela s/ papel, 32 x 25,5 cm
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Do devaneio poético diante de um grande espetáculo do mundo ao devaneio da infância há um comércio de grandeza. Assim, a infância está na origem das maiores paisagens. Nossas solidões de criança deram-nos as imensidades primitivas.-
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Gaston Bachelard A Poética do Devaneio
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Circunstâncias e devaneio, 2006, água tinta com açúcar e água forte, s/ papel,
19,7 x 18,4 cm
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domingo, 2 de maio de 2010

Bons ventos e territórios

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Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa

Territórios imprecisos VI, 2006, aquarela s/ papel,17,8 x 38 cm
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domingo, 18 de abril de 2010

Poemas, gravuras

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Exposição
POEMAS DE WALDEREZ DE BARROS ILUSTRADOS EM 21 GRAVURAS
no MACRGS em Porto Alegre
De 1 de abril a 16 de maio de 2010 a Galeria Xico Stockinger do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, localizado na Casa de Cultura Mário Quintana no centro de Porto Alegre, apresenta a exposição de 21 gravuras ilustrativas dos poemas escritos pela atriz Walderez de Barros, uma das grandes atrizes brasileiras de teatro, cinema e televisão.
A iniciativa desta mostra é do grupo de artistas integrantes -do qual faço parte- do Ateliê Calcográfico Iole, de São Paulo, coordenado por Iole Di Natale. Conta, ainda, com o apoio da ABA-Núcleo, a Associação Brasileira de Aquarela e da Arte sobre Papel.
Muitos conhecem a atriz Walderez de Barros por seu consagrado desempenho no teatro, grandes interpretações em novelas e marcante atuação no cinema, além dos inúmeros prêmios recebidos em 45 anos de carreira. Entretanto, poucos sabem de seu talento literário que agora inspira o trabalho deste coletivo composto por 21 gravadores. Juntos, estes artistas selecionaram 16 poemas de Walderez, dentre muitos outros ainda inéditos, feitos em um clima introspectivo e particular paralelo à sua atividade principal como atriz.
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Walderez de Barros e eu
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A exposição trata do percurso lírico-literário de uma grande mulher que extravasa a percepção comum das coisas e envereda pela compreensão mais atenta da realidade, narrando seus sentimentos diante do mundo e do cotidiano onde nunca deixou de protagonizar a dúvida, a alegria, a dor, o prazer e tantas outras possibilidades humanas.
Impactada pela beleza e pela experiência universal que estes poemas representam, a artista plástica e gravadora Iole Di Natale reuniu em seu ateliê um grupo de 21 artistas que escolheram 16 poemas de Walderez para serem ilustrados em gravuras em metal.
O projeto levado a cabo durante dez meses pelo Ateliê Calcográfico Iole consiste de 21 ilustrações, feitas por cada um dos artistas que descrevem suas interpretações pessoais dos poemas de Walderez, transformando-os em imagens impressas sobre papel. O processo técnico que envolve uma matriz de cobre permite uma tiragem limitada de 30 cópias, de cuja edição, organização e apresentação resultam um álbum ilustrado, que agora se transforma em exposição para ser apreciado pelo grande público.
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...escolhi este  poema
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Tenho a cabeça cheia de palavras
e da minha boca
só sai pensamento.
Tenho tentado em vão
dizer coisas
simples
como elas são.
Tenho tentado sempre
ser um manso-quieto
viver a vida
sem elocubrar.

Que erro básico
na minha estrutura
não me permite
viver como pedra?
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para ilustrá-lo fiz esta gravura
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Territórios de Walderez, 2007
água-forte, água-tinta e ponta-seca, 40 x 30 cm PA
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A exposiçao está no MAC - RS de 1 de abril a 16 de maio de 2010
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO RIO GRANDE DO SUL - Galeria Xico Stockinger
Rua dos Andradas, 736 – 6º andar tel 3221 5900
Terças a sextas das 9:00 as 21:00h
Sábados e domingos das 12:00 as 21:00h
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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Aquarelas no Parque da Água Branca

Eu e mais sete artistas mostramos nossos trabalhos no Parque Dr. Fernando Costa em São Paulo de 2 a 25 de março de 2010.
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Minhas aquarelas
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O PARQUE EM FOTOS DE IVONE BELTRAN
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A exposição
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BAMBUZAL NO PARQUE
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Fim de Verão
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Fim de verão I, 2006, aquarela s/ papel, 38 x 39cm
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Fim de verão II, 2006, aquarela s/ papel, 38 x 39cm
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Fim de verão III, 2006, aquarela s/ papel, 38 x 39cm
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